Em um mundo cada vez mais digital, a integração de serviços financeiros diretamente no ponto de necessidade do consumidor tem se tornado uma revolução silenciosa. As empresas não financeiras, como varejistas e apps de mobilidade, estão incorporando soluções de crédito e pagamento em suas plataformas, oferecendo conveniência e agilidade.
Essa tendência, conhecida como finanças embedded, promete transformar a forma como acessamos crédito, pagamentos e seguros, criando experiência do usuário mais fluida e adaptada às demandas atuais.
Ao longo da última década, o avanço das tecnologias financeiras e a transformação digital acelerada moldaram as expectativas dos consumidores. Cada vez mais, as pessoas buscam soluções rápidas e intuitivas, sem precisar alternar entre múltiplos aplicativos ou serviços.
Finanças embedded referem-se à integração de serviços financeiros em plataformas e jornadas de empresas originalmente não financeiras. Isso inclui parcelamento de compras em apps de delivery, financiamento instantâneo em e-commerces e cartões private label em lojas de moda.
O objetivo principal é eliminar atritos, oferecendo ao usuário acesso simplificado a crédito, pagamentos e seguros, diretamente no ambiente em que ele já interage e confia.
Essa abordagem representa uma evolução natural do open banking, que abriu caminho para o compartilhamento de dados, até a oferta de produtos financeiros diretamente embutidos em plataformas diversas.
As soluções são viabilizadas por APIs (Application Programming Interfaces) fornecidas por fintechs e plataformas de Banking as a Service (BaaS). Essas integrações permitem que empresas contratem tecnologia e infraestrutura regulada sem desenvolver internamente toda a estrutura bancária.
Enquanto a análise de risco e a emissão de crédito ficam sob responsabilidade das fintechs parceiras, as marcas se concentram em otimizar a jornada do cliente, mantendo controle sobre a interface e a experiência final.
Além das APIs, a arquitetura baseada em microserviços permite que atualizações e novas funcionalidades sejam lançadas rapidamente, sem impactar o fluxo principal do usuário. A colaboração entre desenvolvedores e especialistas financeiros é fundamental para garantir a solidez do sistema.
O mercado global de finanças embedded está projetado para alcançar cifras impressionantes nas próximas décadas. Conforme dados da Bain & Company e Research and Markets, as previsões apontam para:
Além disso, até 33% dos gastos globais com cartões já ocorrem online com o apoio de ferramentas embedded, evidenciando a adesão acelerada do consumidor.
Consultorias como McKinsey e Deloitte reforçam que a velocidade de adoção deve crescer de forma exponencial, principalmente em mercados emergentes, ampliando o alcance das fintechs e transformando modelos de negócios tradicionais.
Ao incorporar crédito e pagamentos, as empresas ganham vantagens competitivas marcantes:
O fenômeno das finanças embedded já está presente em diversos setores da economia. Cada aplicação demonstra como o crédito integrado no momento certo potencializa vendas e melhora a percepção de valor das marcas.
Para garantir a proteção dos dados do consumidor e a transparência das operações, o Banco Central do Brasil estabeleceu diretrizes claras para as instituições de BaaS e fintechs. Essas normas definem padrões de segurança, auditoria e reporte, assegurando que não haja falhas na governança.
A responsabilidade regulatória permanece com as instituições financeiras parceiras, permitindo que as marcas ofertantes se concentrem na experiência do cliente.
No Brasil, a LGPD complementa as normas do Banco Central, exigindo que as empresas adotem padrões rígidos de consentimento e armazenamento de informações. Internamente, auditorias periódicas e testes de penetração tornam-se práticas recomendadas.
O próximo estágio das finanças embedded está intimamente ligado à personalização e ao momento exato em que o cliente necessita de crédito:
A incorporação de tecnologias emergentes como blockchain e contratos inteligentes pode levar o embedded finance a novos patamares, oferecendo mais transparência e automação em processos creditícios e de pagamento.
As finanças embedded estão redesenhando a forma como empresas e consumidores interagem, trazendo o crédito para o contexto exato de cada jornada. Essa convergência entre setores gera personalização das ofertas de crédito e abre espaço para um ecossistema mais inclusivo e ágil.
Para organizações que desejam se destacar, o desafio é integrar soluções financeiras de forma harmônica, garantindo confiança e relevância ao consumidor. Com planejamento estratégico, qualquer empresa pode se tornar protagonista dessa revolução.
Referências