Em um cenário econômico desafiador, programas de crédito voltados para a população de baixa renda e trabalhadores informais ganham força como instrumento de transformação social e econômica no Brasil.
No final de setembro de 2025, o valor total dos empréstimos pendentes no Brasil atingiu R$ 6,8 trilhões, o maior patamar desde dezembro de 2024, com crescimento anual de 10,1%. A participação do crédito para famílias chegou a R$ 4,3 trilhões, um aumento de 11% em 12 meses, enquanto o crédito para empresas somou R$ 2,6 trilhões, um acréscimo de 8,7% no mesmo período.
As taxas médias de juros permaneceram elevadas: 35,8% ao ano para pessoas físicas e 23,1% ao ano para empresas (abril/2025). Já a inadimplência avançou para 3,5% dos contratos com mais de 90 dias em atraso, com expectativa de chegar a 4,7% em 2025, segundo dados do Banco Central.
Uma pesquisa recente revelou que 43% dos brasileiros planejam contratar crédito pessoal ou consignado em 2025, sendo que 44% buscam principalmente quitar dívidas preexistentes. Na escolha da modalidade, critérios como valor disponível (35%), valor das parcelas (25%) e taxas de juros (24%) são determinantes.
As modalidades mais buscadas pelos consumidores são:
Atualmente, 76% das famílias brasileiras estão endividadas e, dessas, 28% apresentam alguma pendência de pagamento. Em média, 26% do orçamento doméstico é comprometido com dívidas, o que gera grande vulnerabilidade ao menor sinal de instabilidade econômica.
O acesso ao crédito é ainda mais restrito para informais e autônomos, que representam parcela expressiva da força de trabalho fora dos grandes bancos. Essa barreira estrutural e regulatória limita oportunidades de consumo responsável e sustenta ciclos de dependência de linhas de empréstimo predatórias.
O novo crédito consignado para CLT e MEI, conhecido como "Crédito do Trabalhador", foi lançado em março de 2025 e já mobilizou 36 milhões de simulações e 3,1 milhões de propostas. Apesar das baixas efetivações — apenas 7,6 mil contratos fechados — a iniciativa representa um passo relevante para troca de dívidas caras por opções mais acessíveis.
Nos bancos públicos, a taxa média gira em torno de 2,72% ao mês, muito abaixo das alternativas de crédito pessoal tradicionais. Economistas estimam que essa linha possa adicionar 0,6 ponto percentual ao crescimento do PIB em 2025, ao estimular consumo e aliviar o orçamento das famílias.
Embora o interesse seja expressivo, a burocracia e a alta seletividade dos bancos reduzem a taxa de conversão em contratos efetivados. Apenas 0,25% das propostas chegam a ser concedidas, evidenciando a necessidade de simplificação operacional e regulatória.
Para ampliar o alcance do empréstimo social e garantir seu sucesso sustentável, é fundamental implementar diretrizes claras e integradas entre setores público e privado.
O avanço das iniciativas de empréstimo social reflete a busca por inclusão financeira de qualidade no Brasil. Ao combinar taxas mais justas com processos menos burocráticos, essas ações podem resgatar a autonomia de milhões de brasileiros e impulsionar o desenvolvimento econômico.
É fundamental que governos, instituições financeiras e sociedade civil unam esforços para consolidar essas conquistas e superar as barreiras que ainda persistem. Assim, será possível construir um futuro no qual o acesso ao crédito deixe de ser privilégio de poucos e se torne instrumento efetivo de redução das desigualdades.
Somente por meio de políticas bem desenhadas, educação financeira e cooperação ampla poderemos transformar o empréstimo social em um vetor de crescimento sustentável e inclusão plena para todos.
Referências